Linha de Apoio808 200 199

Fórum EUROPACOLON

Tópico - Testemunho - Edith Florbela Castro Lopo Taborda


Utilizador Edith Florbela Castro Lopo Taborda, Citar


Testemunho de um OSTOMIZADO
(Continuação)


Estou estupefacta, decepcionada comigo mesma…Quando escrevo, “perco-me”, extravaso, repito-me, fujo ao tema.
Luto para ter organização mental, procurando ser sucinta, escrevendo só e apenas o que é essencial.
Então, quando paro, penso e vejo os erros imperdoáveis, os lapsos inconscientes, omitindo o que é mais importante e aborrecendo, por vezes, com o supérfluo…entristeço-me?
Então, se não me tornar fastidiosa, passarei a expor o sucedido.
Através da minha filha tive conhecimento da Associação para os Ostomizados, do Cancro do Cólon e Recto. Cancro do Intestino.
Imediatamente, entrei em contacto telefónico, foi-me solicitado escrever o meu testemunho pessoal.
Fiz dois, mas cometi uma gafe, que me desilude e, aqui estou pronta a ressalvá-la e, desde já as minhas mais sentidas desculpas. Foi um acto grave, incompreensível, mas desde já sei que serei perdoada e compreendida.
Expus todo o processo da minha doença, desde o primeiro momento que, como sintoma, tive uma perda de sangue enorme, misturada com as fezes, que me desfaleceu!
Minhas filhas conduziram-me ao Hospital de Sto. António.
Após internamento pela urgência, foram-me feitos muitos exames e rapidamente  me foi diagnosticado um tumor, já em estado bastante avançado. Não consigo dizer que tive Cancro, mas sobrevivi! Como se apresentava volumoso, tive que fazer quimioterapia no Hospital de Sto. António, na parte da Oncologia, Hospital de Dia.
Era feita num salão com sofás confortáveis, com monitores, medicação injectável num cateter que me colocaram, para não estar sempre a ser picada. Para mim foi uma das melhores coisas, pois tenho “pânico às agulhas”. Como as sessões não eram executadas sem primeiro nos fazerem a colheita de sangue, para aferir os valores, tornavam-se mais demorada porque o sangue era levado à farmácia hospitalar. Posteriormente, a médica responsável, a minha “musa salvadora que adoro”, é que dirigia todo o processo.
Normalmente era transfundida, quando as plaquetas e o sódio não estavam bem. Como cada tratamento dura bastante tempo, podíamos conversar, uns com os outros, simpaticamente, ler, falar ao telemóvel, escrever, até permitiam um familiar a acompanhar, quando o caso inspirava mais cuidado. Muitos doentes dormiam e eu lamentava, nunca o conseguir porque, assim, o tempo passaria mais rápido. Contudo, nunca me senti impaciente, aborrecida porque quando não havia com quem conversar, escrevia muito… Injectávamos coragem, alento. Os mais fortes ajudavam os mais deprimidos.
Alertaram-me que, logo que se pressentisse náuseas, teria que avisar. Ingeria uma pastilha e logo o mal desaparecia. Esta parte exigia atenção do doente, pois eram más de suportar, se não fossem logo acudidas. Era quase e só, o único mau estar, porque até o facto de estar sentada, não custava, porque os sofás eram tipo camas reclináveis. Para os casos piores havia camas noutra sala. Em ambas as salas, circulavam e éramos tratadas por enfermeiras lindas, afáveis, profissionais a 100%, atentas aos mínimos sintomas, alheios a cada situação. Cada um dizia o que sentia. Cada caso é um caso.
A minha doença foi sempre acompanhada pela psiquiatra do Hospital Sto. António. Tive que tomar antidepressivos e medicação para dormir. E para as dores.
Ao todo, tomava oito comprimidos diários. Hoje só tomo um, para dormir mais relaxada, menos ansiosa.
Sem haver milagres, atrever-me-ia a afirmar que parece um milagre. “Milagre” físico, psíquico. Aconteceu-me! Isto para os agnósticos e ateus parecerá ridículo… mas há que respeitar. É uma questão de devoção.
Não nos vitimizemos porque, o que importa é acudir a tempo e confiarmos nos médicos e nos enfermeiros e cumprirmos as nossas tarefas, porque somos o alvo mais interessado, a cura!
Como é óbvio, dias há, que se instala uma certa tristeza, cansaço… só o tempo ajuda a lidar com os maus momentos.
Fazia Radioterapia, no I.P.O., antes da operação e ambas feitas concomitantemente, o que me obrigou a correr de um lado para o outro e não ter tempo de sobra, de modo a não me descontrolar e entrar em descompensação.
Novamente voltei a sujeitar-me a novos exames, para acompanhar a evolução da situação.
Logo a seguir fui operada, no Hospital Sto. António.
Permaneci internada 6 semanas. A operação foi mais morosa e mais complexa do que os médicos previam; contudo estou VIVA!! Saudável! Feliz!!
Voltei a fazer quimioterapia, bastante tempo, com transfusões de sangue porque os valores das plaquetas e do sódio, estavam muito baixos. O que já antes acontecia.
Pelo que ouvia, ia aterrorizada, como se fosse para o “cadafalso”.
Não ouça ninguém, palpites de a, b ou c… Cai o Cabelo? Deixá-lo cair, se o caso for de cair.
Agora, raramente cai. E quando cai, nasce mais lindo. A mim não me caiu e, com a quimio fortaleceu e nasceu-me com caracóis!!
Engordamos, “inchamos” com a cortisona?
Não faz mal… quando terminar o tratamento, tudo volta à normalidade.
O que interessa é renascer, reviver, curar-se e levantar muitas vezes as mãos a deus porque sobrevivemos a um tsunami, mas Vivas! Muito Vivas!
Constatei que as pessoas exageravam. Não foi fácil. Mas foi suportável; atrever-me-ei a dizer que até achei que qualquer pessoa paciente, inteligente, que tem como objectivo alcançar a cura, cada dia que a fazia, durante horas, era mais uma bênção porque cada dia ganhava mais saúde, mais energia.
Tratava-se de uma situação pontual, passageira, exigível que, seria a única hipótese, para a resolução de tão grave doença: para não “Partir”!
Dávamos coragem uns aos outros, constatávamos que o nosso caso, nem era o único,  nem o pior…infelizmente!
Pior, péssimo mesmo, foi o regresso a casa. E foi aqui que não foquei uma das partes mais complexas e mais intimidatórias. Cada dia surgiam novas situações, cada vez mais problemáticas, pois o pós-operatório foi muito complicado.
O saco enchia, sujava e era um desastre. Não sabia cortá-lo à medida e colocar outro de novo também.
Enquanto estive debaixo da alçada dos médicos e enfermeiros, as aflições, quer no que diz respeito ao tratamento diário, à “terrível rejeição” que estabeleci com a prótese, do saco. Ultrapassei. Tudo dependia do que comia, das quantidades que ingeria…essas coisas só as compreendi e dei a volta, com a ajuda dos enfermeiros e com a minha vivência do dia-a-dia. As preocupações, os medos, iam sendo ultrapassados: tudo muito atento e responsável, à mínima anomalia socorriam-nos.
Neste momento já sei que, nos dias que como pouco, substituo o saco, por precaução e por causa do banho, o momento mais aguardado e feliz.
Aprendi que quando a pele sangrasse, doesse, após a limpeza, espalhava clara de ovo e tudo passava… alivia.
Fico leve, aliviada, asseada, apresentável, sem receio de “cheiros” que não existem. Apenas psicológicos. Pinto-me, ponho-me “bonita”… levanta a auto-estima.
Aprendi que a salsa, a alface, o iogurte retiram os maus odores dos gases e hoje os sacos já vêm apetrechados, para não nos deixarem ficar mal. Existem muitos alimentos que provocam excesso de gases: couves verdes, cebolas, alhos, feijão.
Como são fundamentais para a saúde, devemos comê-los, com moderação.
A obesidade é uma das piores inimigas desta doença e, como tal, deve-se evitá-la a todo o custo, com exercício e com alimentação correcta.
Eu caminho uma hora ou mais, todas as manhãs.
A equipa do Sto. António e do I.P.O. fizeram um relatório para eu entregar no meu médico de família, no Centro de Saúde do Covelo, no Porto.
Acolheu-me personalizadamente com enorme carinho.
A minha falha consistiu em agradecer a toda a gente que contribuiu para a minha recuperação e cura e me esqueci, involuntariamente, do meu médico que foi e é maravilhoso: Deus lhe pague o dobro, em saúde e felicidade e me perdoe este esquecimento provocado pelo sofrimento diário.
Leu cuidadosamente o relatório que lhe foi dirigido. Prescreveu-me novos exames complementares, para se situar, com exactidão, perante cirurgia tão problemática.
Autorizou os enfermeiros do Centro de Saúde a prestarem-me assistência domiciliária, diariamente, com o objectivo de me fazerem o curativo para a cicatrização do ânus. Como em vez de um só órgão me foram extraídos todos os malignos, até mesmo a parte terminal do recto, o tratamento exigia muita perícia, muita experiência, enorme competência e disponibilidade.
Vinha o Enfermeiro Chefe, com dois estagiários que, enchiam-me de coragem, força anímica para reagir, de uma forma subtil, sensível, pedagógica que, mesmo o tratamento sendo custoso e doloroso, ansiava pela hora da chegada dos meus “Anjos Bons”.
Tocava a campainha e o meu coração batia descompassado, o meu sangue fervilhava.
Insuflavam-me palavras inesquecíveis, memoráveis, eternas, de confiança, de infinita paciência e muito, muito carinho! Bem hajam!
O tratamento foi prolongado e senti sempre a mesma boa vontade, generosidade e amizade.
Ainda hoje me contacto com alguns dos estagiários, profissionais por vocação e não por escape…
Não me podia sentar, não podia estar em pé, não conseguia estar deitada. Unicamente deitada, de barriga para baixo.
Posição cansativa, incómoda e “deprimente”. Mas punham-me à vontade.
Por isso tive que me revestir de todas as minhas forças, aguardando melhores dias.
Tenho a certeza que serei perdoada pelo médico e técnicos do Centro de Saúde, porque foi umas das minhas fases mais difíceis. Estava deveras descompensada, fragilizada, dorida, bastante asténica, sem motivação para nada.
O meu campo da consciência andava demasiado ocupado com tantas corridas, tanto sofrimento mas tudo é ultrapassável! Creiam!
Quando não morremos com a doença, ganhamos endurance e fortalecimento para resistir, até às mais duras provas.
Também há a parte do saco, prótese para as fezes que não posso deixar passar em branco… momentos houve que me questionava: custava-me mais aguentar os tratamentos ou “lidar com o saco?!” Foi das partes mais horríveis. Hoje é uma nova rotina, sem queixumes!
Desorientava-me, chorava, não conseguia lidar com a nova situação porque, no início, não tinha horário certo. Neste momento, já está tudo normalizado. Só mesmo com o tempo, após criarmos uma experiência com regras e horários. Nos dias em que me sentia mais ansiosa, comia mais. Assim, o saco enchia, sujava-me: que horror! Isto no início… fiz uma aprendizagem com muita dificuldade!
Por ordem médica, quando chegava ao Centro de Saúde, avisava, sem nunca ter de passar à frente de ninguém, sem prejudicar… procedi com muito respeito.
A toda a gente do Hospital Sto. António, do I.P.O., do Centro de Saúde, à Associação, reitero os meus maiores reconhecimentos e agradecimentos. Que Deus os proteja e abençoe a todos! Foram fabulosos!! Deixo aqui também um abraço apertado a um médico do Hospital da CUF, amigo das minhas filhas. Foi espectacular para as três, doentes ao mesmo tempo. Já passou!
Mesmo com toda a precaridade com que o Ministério da Saúde se debate, em nenhuma das Instituições, ninguém se furtou a fazer o seu melhor…e quantas vezes, operando autênticos “milagres”?
Ensinaram-me que o corpo adoece…é sagrado e, sendo o Templo de Deus, tem que ser preservado, tratado e que, de hora a hora, Deus melhora. É o que acontece a toda a gente que tem fé, paciência e luta nas adversidades.
O Ministério da Saúde, pode sentir-se lisonjeado pelos imensos e exemplares serviços prestados pelos técnicos, no terreno. Muito profissionalismo, imenso apoio psicológico.
Todas as funções assistenciais são diferenciadas. Todas são associações cívicas, com utilidade social, pública. E mesmo com tantas dificuldades, funcionam, sempre com objectivos humanizantes.
Todos nós, doentes, utentes, deveremos ter em mente que, se queremos ter direitos, também deveremos nunca esquecer os deveres cívicos, assistenciais, medicamentosos.
Para sermos respeitados, temos que respeitar primeiro, exigindo-se a ambas as partes dignidade, respeito, educação.
No que diz respeito aos cuidados preventivos, aos de reabilitação, de recuperação e, especialmente aos casos terminais, tudo é feito com muito profissionalismo e carinho.
Hoje há hospitais que são autênticas cidades globais: possuem médicos, especialistas, enfermeiros, auxiliares, aparelhos para cada doença, caixas multibanco e até capela, para agradecermos tantas benesses alcançadas. E magníficos espaços, com refeitórios, cantinas, snack’s, para tomarmos as nossas refeições. Embora o ambiente não seja o mais agradável…!
Com tantas ajudas, curas, consultas nunca nos esqueçamos que também devemos comparticipar, por bem pouco que seja. “De migalha a migalha, faz-se pão…”. Por todos não custa.
Brevemente temos que apresentar o I.R.S.. Podemos doar 5% e recebê-lo-emos na totalidade.
E, além disso, devemo-nos associar, com donativos, quotas, consoante o coração de cada um e suas posses financeiras.
Quando dermos do fundo do coração, que a mão direita, não saiba o que ofereceu a esquerda.
Lembremo-nos sempre dos doentes, das crianças, dos idosos, dos coxos, dos cegos, dos inválidos, dos sem-abrigo, dos desamparados: dos pobres.
Creiam que nos sentiremos mais felizes ao dar, do que ao receber: é sinal que não temos tantas dificuldades; sentimo-nos mais enriquecidos, mais heróis. Mas só dá, quem Ama, porque dá com Alegria!
O dinheiro não compra a vida, a saúde, o amor, a paz de espírito, o perdão, a vida eterna, nem apaga culpas, quando não procedemos com lisura e honra.
E não nos devemos isentar das pequenas, grandes questões: “De onde vim?”, “Quem sou eu?”, “Para onde vou?”, “Que espero e faço pela vida?”.
E no tempo oportuno, preocuparmo-nos com o nosso futuro, com a nossa velhice: “Muito tens, muito vales; nada tens, vai-te embora!”. Provérbio antigo, com lógica; sem dinheiro nada se consegue… infelizmente!
Se nos pusermos no lugar dos pobres, questionemo-nos: se precisássemos, não gostaríamos que nos auxiliassem?! E nem só com dinheiro se ajuda; até com uma palavra carinhosa, um abraço fraterno, uma refeição quente…fazer companhia quando existe solidão!
Eu penso muito no que se passou com Jesus. Na hora do ajuste, confessou: “Tive fome. Deste-me de comer. Tive sede, deste-me de beber. Tive frio, agasalhaste-me. Estive preso, visitaste-me”.
Recordemos e ponhamos em prática estas exemplares histórias de Amor.
Desde há séculos que os pensadores e filósofos se debatem com a difícil questão: “Quando começa verdadeiramente a Vida?”.
Segundo Platão, Leonardo da Vinci, Hipócrates, só existiria uma vida, quando o feto tivesse “Alma”. Hoje com as ecografias tridimensionais, com a investigação científica, os genesticistas defendem que a personalidade e humanidade, acompanha o desenvolvimento… Porém, todos estão de acordo que, desde a conceção existe “identidade genética”, porque todos somos seres humanos, sociais, emocionais, espirituais, psicossomáticos! Uma vez que, até, quase e só, desde que exista “consciência”.
Desde Freud, Nietzsche estão instaladas todas estas hipóteses, por serem tão melindrosas, tão temerárias!
A Vida é um somatório de 365 dias, em cada ano, a partir do momento que nascemos.
A Vida é o dia de hoje. É o dia de Ontem, que já passou, como a folha que morreu, mas se renovou…tal como acontece com cada enfermo!
A Vida é como o sonho puro, sem mácula, de uma criança pueril…
A Vida é como o dia de amanhã: cheio de sol para aquecer, ou nuvem para chover…
A Vida é como o fumo…que às vezes nem dura um momento, que foge como um pensamento…
A Vida é como o vento, ora viva, ora canta…
A Vida parece um rio corrente…Foge!
A Vida é maravilhosa, como uma estrela cadente…
A Vida é estar no caminho certo, a cumprir a vontade de Deus, para não termos medo de nada: que nem a doença nos vence!
Que a Vida não seja como o Sol: só brilha e aquece de dia! Que a vida não seja como a Lua, que passa o tempo a mudar de fase…e não permitamos que, a terceira idade, seja o quarto minguante… Não fiquemos decrépitos, amorfos, indiferentes.
Que a Vida também não seja como o Arco-Íris: só surge quando chove…embora sempre magnífico, colorido e prenúncio que a tempestade passou.
Que a Vida seja como o mar, útil quando necessário, agitado finito, quando for imperioso!
A Vida é como um palacete: cheia de janelas e portas… Abramo-las. Por vezes, algumas fecham-se! Talvez seja melhor assim… Outras somos nós que a fechamos? Se o fizermos injustamente, talvez possamos vir a arrepender-nos… E quando são fechadas pelos falsos Amigos?! Não se lastime, pode ser a nossa sorte…!!
Amigo, Amigo não é aquele que enxuga as lágrimas. É aquele que não as deixa cair!
O bom amigo é o que funciona como as estrelas: aquecem-nos, fornecem-nos luz, mesmo até quando dormimos. Meigamente cobrem-nos com uma manta radiosa de sol, um edredão fofinho, como nuvens leves, salpicadas de beijos, abraços, colinhos…!


DEDICATÓRIA
Aos Médicos e Técnicos Hospitalares


Mais dois meses: florirá a Primavera!
Já vejo o Sol, brilhando no firmamento…
Vossos olhos, cabelos dançando c’o vento!
Ver toda a gente saudável? Ai quem me dera!


Nossas Almas, sem pesares, sem dor
Repletas d’Amor, tantas venturas…
Cantemos lindos hinos ao Criador
Esqueçamos as amargas amarguras…


A doença foi-se embora… Vêem as aves. Ajude: é o que faço!
Médicos: fadas põem-nos saúde no regaço…
Dêem-lhe beijos: preces espalhadas no espaço…!
Pela dedicação, p’la cura, aí vai grande abraço…


Enfermeiros dão-nos carinho: um abrigo!
Alimentam enfermos: tantos projectos
Farto Amor! Tanta bondade! Tantos Afectos!
Vêm tratar-nos, cuidar-nos ao nosso ninho…


Recordemos com gratidão a vida inteira.
Juntos, rezaremos junto à lareira…
Senti horror, p’la morte…agora já nem a temo!
Fugiu… graças a vós e ao supremo!


Doentes agradecem cheios de contentamento
Repetem: nada de dores…nem ais…nem sofrimento!
Se nos afagam a mão: ai que alento!
Dão-nos confiança, ternura, ensinamento…!


E, quando o pranto cai do nosso olhar
“Ralham!”, “Repetem”: estamos aqui p’ra curar!
Rimos. Cheios d’esperança, de saudade…
Gritemos bem alto: Voltamos à Mocidade.


Nossas famílias estupefactas: reconfortantes
Nosso corpo vestido de “matéria”
Ossos. Sangue. Nervos. Podridão.
Muito vivo, bate bem forte nosso coração…


O corpo é pó na terra… que procura?
Saúde. Paz. Ventura. Só quer a cura!
Fazem milagres… tratamentos divinais…
Peço a todos: não os esqueçamos mais!


Vou-me repetir, mas é intencionalmente…
Na doença, ninguém desiste! É proibido tal atitude! Desistir é próprio dos fracos e, destes, não reza a história!
A Vida tornou-se muito cruel, muito materialista; a ética moral, os valores passaram de “moda”, felizmente só para algumas famílias.
As crianças nascem, têm que frequentar a escolinha, porque a vida é muito exigente e vivemos numa sociedade consumista.
O idoso não pode atrapalhar a vida dos familiares. Pagar a uma empregada, é quase proibitório…o que nos resta? Um lar. E é bem melhor uma segunda família, que nos cuidam com médicos, enfermeiros, com formação geriátrica, equipamentos e camas, nos alimentam e nos acarinham… Se tivermos, em tempo oportuno, pensado que não somos eternamente jovens! Daí pensarmos na reforma, como garantia de uma velhice com dignidade e qualidade de vida!
E, neste novo ano de 2011, fixemos o céu e a terra, dizendo: Obrigada por estarmos vivos!
Façamos muitas mudanças na nossa vida, nem que sejam mínimas. Até como a semente da mostarda: ver-se-á o fruto…
Então é assim:
Se pensar ir…vá…vá longe, até onde se propuser! Sem nunca hesitar!
Se lhe apetecer fazer alguma coisa…faça. faça muito e faça bem! Sem nunca se arrepender!
Se lhe apetecer rir…ria. Ria muito! Ria muito até chorar de alegria! Sem temer!
Se pensar sonhar…sonhe. Sonhe muito. Sonhe alto! Sempre com enormes projectos. Bem sucedidos!
Se lhe apetecer arriscar…arrisque. Mas arrisque o máximo: nunca hesite. Sem medo!
Se lhe apetecer pensar nos outros…pense primeiro em si!
Se lhe apetecer fugir…fuja para bem longe. Fuja da rotina, o mais que lhe for possível e não olhe às “críticas”! Há muito despeito! Embora sejamos iguais, com direito à diferença!
Se vacilar…pensando que não tem ninguém do seu lado, nem com quem contar…engana-se! Há muita gente boa…Graças a Deus!
Aprenda a escutar, a “conhecer”, a descobrir cada uma das pessoas que o rodeia. Felizmente ainda há pessoas maravilhosas, tementes a Deus. Percepcione!
Primeiro com a razão, para não tropeçar…! Só depois com o coração, para acertar…! E quando fizer a sua escolha, se puder optar pela que usa a razão e o coração, a vida é bela. Por vezes nós é que damos cabo dela, fazendo opções erradas…
Repetição que nunca é demasiada. O Sistema Nacional de Saúde, comparticipa. Decreto de Lei 25/95. E podemos candidatarmo-nos a uma pensão de incapacidade. Com relatórios médicos, temos que ser sujeitos a uma Junta Médica, para aferir o grau de incapacidade. Temos que nos revestir de muita força, porque exige muitas voltas. Em caso de necessidade pode recorrer à Associação de Europacolon Portugal. Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino. Ali encontra toda a informação necessária.
A Linha de apoio é: 808 200 199.
Como têm inúmeras deslocações, visitas, apoio de enfermagem, deixem a vossa mensagem e o vosso contacto. E quando possível, alguém os ouvirá, responderá e dará o acompanhamento, consoante a situação.
Aproveito para informar que já fui visitar o Presidente, as enfermeiras, a secretária. Gostei imenso.
Pedi ajuda para a nutrição.
Associei-me e já dei o meu contributo para o I.R.S., para este ano de 2011. Conto consigo, pois sei que quando nos “salvamos”, mais generosas ficamos.
Pretendia deixar aqui expresso um desejo: gostaria que nos pudéssemos reunir, para nos conhecermos e para nos ajudarmos uns aos outros. O que custa é o primeiro encontro…depois, se todos colaborarmos, poder-se-á, até, tornar um convívio, para acabar com a desastrosa solidão; o horroroso tédio; o indigesto marasmo; a preguiça; a apatia; a doença principal: o sedentarismo e a falta de ocupação… o desencanto! Ocupemo-nos!!
Parar é morrer! Então, quando adquirir forças, motivação, ocupe-se com as coisas que gosta. Para largar o “embirrento do meu sofá, matriculei-me na Universidade Sénior, onde aprendo, convivo e me cria obrigatoriedade de sair de casa.
Trato do meu jardim, embora não muito grande. Plantei 30 árvores de fruto. Dão pouco trabalho: rega, poda e tirar ervas daninhas. E colho muita fruta. Dá para a casa e partilhar com família e amigos.
Desde rosas a orquídeas, gladíolos , jarros de cor, estrelícias, peónias, lilases, lírios de várias cores, dobrados, açucenas…quase toda a Primavera e Verão tenho flores para enfeitar a casa e até para oferecer.
Se não tiver jardim, podê-lo-á inventar, em vasos. Desde ervas aromáticas, flores, couves, abóboras, espinafres, semeio-os. Colho-os. Como-os. E ofereço… tenho um pouco de tudo
Desejo a toda a gente o que pretendo para mim e minhas queridas filhas, sobrinhos, marido família e amigos: Excelente Ano de 2011, com muita saúde, Amor, Paz, Felicidade, Fé, Esperança, Prosperidade, Êxito e, tudo o que for mais importante para cada um de nós.
Faça o que gosta: Cante! Dance! Passeie! Caminhe! Visite amigos e doentes! Pratique um desporto que goste e a saúde permita! Viaje! Cozinhe! Leia! Escreva! Seja solidário!
Lutando, Venceremos!
E, por favor: Seja muito Feliz!!!  E faça os outros!!!


                                                                                    


Edith Florbela Castro Lopo Taborda
                                                                            Porto, Fevereiro de 2011






04-04-2011, 08:01
Ainda não há respostas... Seja o primeiro
Responder a este tópico




Abril 2024
DomSegTerQuaQuiSexSab
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930    
´
Europacolon nos media VER TODO O ARQUIVO





Visitantes

Flag Counter