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“Prevenção e diagnóstico precoce devem ser palavras-chave da Saúde em Portugal”

2017-03-28

Em pleno Mês da Luta Contra o Cancro Colorretal, a Europacolon Portugal promove pelo quarto ano consecutivo rastreios gratuitos ao cancro do intestino, contando com a parceria das Farmácias Holon, que durante os meses de março e abril vão sensibilizar a população para a importância da prevenção e rastreio desta patologia oncológica. Em entrevista ao My Oncologia, o presidente da Europacolon Portugal descreve em que moldes se realiza esta iniciativa.

My Oncologia (MO) | No âmbito do Mês do Cancro Colorretal, que se assinala em março, a Europacolon Portugal vai promover, pelo 4.º ano consecutivo, a realização de rastreios gratuitos ao cancro do intestino em 179 farmácias Holon, de norte a sul do país, durante os meses de março e abril. Qual o objetivo desta iniciativa?
Eng. Vítor Neves (VN) | Esta iniciativa, que se realiza há quatro anos, já conta com cerca de 3.500 pessoas rastreadas desde 2014. Temos conseguido, em todo o território nacional, aumentar o conhecimento da população sobre o cancro colorretal e alertar para os fatores de risco desta patologia, assim como os hábitos a adotar para a sua prevenção.
Também temos conseguido sensibilizar e motivar as pessoas para a prevenção precoce deste cancro que mata 11 portugueses por dia. Números que simplesmente não podemos aceitar dado ser uma das patologias mais rastreáveis e que, quando descoberta atempadamente, tem uma elevada taxa de cura. Propomos assim a toda a população a adesão a este rastreio, que é gratuito, nas Farmácias Holon aderentes e que se previnam para que possamos reduzir estes números assustadores da mortalidade por cancro colorretal.
A lista de farmácias aderentes pode ser consultada em www.europacolon.pt.

MO | No que consiste o rastreio em farmácia?
VN | O rastreio nas Farmácias consiste na pesquisa de sangue oculto nas fezes, que permite identificar a presença de pequenas quantidades de sangue nas fezes, resultantes do sangramento de eventual tumor ou pólipos. Quando é obtido um resultado positivo existe a referenciação para consulta médica e é obrigatória a realização de colonoscopia para descobrir a origem do sangramento.

MO | O rastreio ao cancro do intestino é dirigido à população em geral e tem em consideração critérios de inclusão específicos. Quais?
VN | Relativamente aos critérios de inclusão, o rastreio ao cancro do intestino é dirigido à população em geral com idades compreendidas entre os 50 e os 74 anos e que não tenham realizado pesquisa de sangue oculto nas fezes no último ano ou colonoscopia nos últimos 5 anos. Também visam todas as pessoas sem sintomas relevantes e sem ligações hereditárias de primeiro grau a doentes de cancro colorretal, que não tenham história pessoal anterior de cancro e sem diagnóstico prévio de pólipos colorretais ou doença inflamatórias do intestino (doença de Crohn ou colite ulcerosa).

MO | De acordo com o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da Direção Geral da Saúde (DGS), em Portugal, todos os anos, são diagnosticados mais de sete mil novos casos. Quais considera serem os motivos de tão grande incidência?
VN | São, de facto, números assustadores e que simplesmente não podemos ignorar. É um problema grave de Saúde Pública no nosso país! Esta incidência verifica-se essencialmente por uma adoção, cada vez mais despreocupada, da população relativamente a hábitos alimentares e estilo de vida, como a falta de exercício físico, o tabaco, o álcool, carnes processadas, entre outras. Também é importante referir, com base em estudos anteriores, que a literacia em saúde em Portugal é muito baixa, o que também tem um importante peso na incidência desta patologia. Tem sido um dos focos principais da Europacolon Portugal na sua comunicação e ações o aumento dos níveis da literacia para que a população esteja melhor preparada, seja ativa no seu processo de saúde, faça perguntas e o mais importante evite doenças futuras. Esta mudança de comportamentos associada ao rastreio de base populacional serão a chave para a resolução deste problema.

MO | O cancro colorretal mata ainda 11 portugueses por dia, devido, sobretudo, ao estilo de vida praticado. Que comportamentos de risco se encontram associados a esse estilo de vida?
VN | Os principais comportamentos de risco desta doença são, sem dúvida, os maus hábitos alimentares numa dieta rica em gorduras e fraca em vegetais e fruta, o consumo de álcool e o tabaco, a falta de exercício físico levando a que os índices de obesidade sejam cada vez maiores, mesmo nas crianças, como podemos verificar no Projeto de Prevenção Escolar Alimentar que realizamos no Porto em diversas escolas. Um estilo de vida ativo e uma alimentação saudável são fatores decisivos para que se possa evitar esta doença tão mortal.

MO | A par do rastreio, a Europacolon Portugal promove ainda, nas Farmácias Holon, um peditório público, cujo objetivo é a angariação de fundos para o desenvolvimento da sua missão. No que consiste esta missão?
VN | O peditório público é a principal fonte de financiamento da Europacolon Portugal e que nos permite continuar a desenvolver todas as atividades e a prestar os nossos serviços, que são todos gratuitos à população. A nossa missão é clara. Diminuir os números assustadores do cancro digestivo. Morrem em Portugal 24 pessoas por dia, e apoiar todos os pacientes e familiares/cuidadores destas patologias, através do apoio que prestamos nas mais diversas áreas multidisciplinares. Podemos dizer que temos, nestes 10 anos como Associação, contribuído para melhorar a Saúde em Portugal, informando, apoiando doentes, familiares motivando, monitorizando e exercendo pressão junto das entidades responsáveis e também acompanhado de perto todas as mais recentes evoluções na investigação e nos mais diversos eventos de saúde aos quais temos sido convidados para que possamos ter, cada vez mais, um trabalho profícuo, sustentado e valioso para a população Portuguesa. Em cada uma das Farmácias Holon aderentes à campanha teremos um cofre-mealheiro para as contribuições de todos, as quais são fundamentais para nós e que permitirão manter e até melhorar o apoio que prestamos.

MO | Desde 2014, esta campanha de sensibilização nacional já permitiu rastrear cerca de 3.431 pessoas, entre as quais 799 homens, e intervir junto de milhares. No futuro, que metas pretende esta iniciativa alcançar?
VN | No que concerne à saúde em Portugal, temos a certeza que a adesão da população a esta campanha e ao rastreio ao cancro colorretal é fundamental para reduzir os números de incidência e melhorar a qualidade da Saúde no País. Esperamos que no futuro consigamos chegar ainda a mais pessoas e que o cancro colorretal perca força através de uma forte adesão ao rastreio e também através do aumento da literacia em saúde. Queremos assim aumentar o conhecimento sobre a patologia, melhorar o conhecimento sobre a importância de corretos hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis e também aumentar a notoriedade da Europacolon Portugal para que a população saiba que pode contar com o nosso apoio e serviços que prestamos. O rastreio do cancro colorretal é o que tem melhor custo benefício e portanto todos temos de lutar para que a sua implementação em Portugal seja uma realidade a breve prazo. Prevenção e dagnóstico precoce devem ser as palavras-chave da Saúde em Portugal, nomeadamente nas doenças do foro digestivo.

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