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Substâncias naturais são esperança para tratamento de cancro

2009-11-26

A Berberina, uma substância natural existente em várias plantas, poderá dar lugar, dentro de uma década, a um poderoso medicamento anticancerígeno, em resultado de uma investigação em curso no Centro de Neurociências (CNC) da Universidade de Coimbra, avança a agência Lusa.
A equipa de investigação, liderada por Paulo Oliveira, tem centrado as suas pesquisas em duas substâncias naturais, os alcalóides Berberina e Sanguinarina, mas o segundo, embora mais poderoso na destruição das células tumorais, apresenta maior toxicidade.
As duas substâncias têm revelado grande potencial para o tratamento do cancro da pele, mesmo nos melanomas com metástases, quer a travar a doença, quer a matar as células tumorais, apresentando idênticas propriedades no cancro da mama.
Paulo Oliveira revelou à agência Lusa que no próximo ano, em colaboração com a Universidade de Minnesota (EUA), os seus efeitos serão estudados em ratos, que vão ser tratados com um desses compostos naturais, começando pela Berberina.
“A Berberina nas nossas linhas celulares não tumorais é pouco tóxica, e há aqui uma janela de oportunidade para que daqui a cinco ou dez anos se possa, eventualmente, usar a Berberina ou um derivado dela como um possível agente antitumoral”, salientou o investigador.
Segundo Paulo Oliveira, estudos anteriores evidenciam que a Berberina e a Sanguinarina “têm um efeito muito forte em linhas celulares de melanomas, em especial no metastásico, que é muito agressivo, mas com mecanismos diferentes”.
“O mais interessante é que no caso da Berberina, a mais promissora, não mata as células tumorais, mas pára o seu crescimento em ratinhos. No caso de células de melanomas humanos o que vimos também é que não só pára o crescimento, como mata essas células”, explicou.
Na sua perspectiva, “isto pode ser um efeito muito interessante, porque muitas vezes a morte desenfreada das células tumorais acaba por libertar factores tóxicos dessas mesmas células, que são altamente nocivos para o organismo e para o órgão que rodeia esse tumor”.
“Se conseguirmos travar a progressão de uma metástase podemos ter outras técnicas, nomeadamente a cirurgia, que permita remover essas metástases. Se isso não for possível podemos recorrer à morte das células tumorais e tentar eliminar essas metástases”, salientou.
A acção dos dois compostos naturais é devida a uma interferência com os mecanismos de produção de energia pelas células, ao nível da mitocôndria.
Estes investigadores do CNC, que integram o Grupo de Toxicologia e Farmacologia Mitocondrial, procuram também perceber a relação da actividade da mitocôndria com a estrutura do composto, para descobrir quais as partes da molécula que são tóxicas.
A Berberina e a Sanguinarina existem em algumas plantas em Portugal, mas mais frequentemente na América do Norte e Ásia. A primeira extrai-se da Ameixieira de Espinho e também está presente noutras plantas da espécie Berberis. A segunda aparece em plantas da família das papoilas. Ambas incorporam produtos naturais existentes no mercado, nomeadamente dietéticos e cosméticos.
“Há a perspectiva de que estas investigações possam resultar em ensaios clínicos futuros, com fármacos experimentais, num prazo de cinco a dez anos”, concluiu Paulo Oliveira.

Texto publicado no Portal de Oncologia Português em 9/11/09 ( ver link)

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